Da esquerda para a direita, Julieta Abba, professora da UNISINOS, Raphael Campos, presidente da ADUNISINOS, Diego de Oliveira, membro da OCI e Sami El Jundi, professor de Direito da UFRGS |
No dia 1º de dezembro, a ADUNISINOS promoveu uma aula aberta com que tinha como tema a seguinte pergunta: qual a solução para a questão palestina? Para trazer esclarecimentos sobre esse assunto central atualmente na geopolítica global, que envolve uma série de fatores e que coloca em risco a existência do povo palestino, contamos com a colaboração de três convidados que apresentaram diversos viéses sobre o que ocorre naquele território. Participaram, na condição de debatedores, Sofya de Bellini e Soares, internacionalista formada pela UNISINOS e agente humanitária com experiência junto ao povo palestino e israelense, Sami El Jundi, professor da Faculdade de Direito da UFRGS e membro da FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil) e Diego de Oliveira, militante membro da Organização Comunista Internacionalista (OCI).
As falas foram divididas em dois momentos: uma exposição inicial, na qual cada um dos debatedores apresentou para o público, que teve a oportunidade de acompanhar presencialmente e virtualmente o debate, a realidade de segregação e crimes humanitários às quais o povo palestino é submetido há anos pelo estado de Israel; e um segundo momento em que os espectadores puderem contribuir com questionamentos para que fosse possível aprofundar ainda mais assuntos sobre a questão. Participou como mediadora da mesa a professora Maria Julieta Abba, do curso de Relações Internacionais da Pós-Graduação em Educação na UNISINOS.
A aula aberta ocorreu no Campus São Leopoldo da UNISINOS e pode ser assistida na íntegra dando play no vídeo ao fim desse artigo, ou clicando neste link. A direção da ADUNISINOS reforça o sentimento de solidariedade em relação ao povo palestino e torce para que haja uma solução definitiva e imediata no sentido de dar fim ao genocídio aos palestinos.
Integrantes da mesa demosntram apoio à Palestina |
Um pouco da fala dos convidados
Sofia viveu recentemente uma experiência como agente internacional no território palestino e compartilhou um pouco da sua vivência. Ela definiu o que presenciou como uma ocupação civil-militar israelense na região, em que não há conflito simplesmente porque não há o mínimo de igualdade entre as forças de repressão israelense e a resistência palestina. Segundo Sofia, o que ela testemunhou foi um verdadeiro aparthaid, um cenário de recorrentes crimes contra a humanidade sobre os palestinos que, além da segregação, enfrentam uma série de violações de direitos, desde de a possibilidade de ir e vir, mesmo em áreas palestinas, quanto em relação ao acesso à água, alimentos, medicamentos entre outros itens de necessidade básica.
Ela apresentou leis que evidenciam o tratamento discriminatório aos palestinos, práticas militares e civis que fomentam a segregação, dados que comprovam a política de genocídio do estado israelense para com os palestinos. Ao fim, falou um pouco das suas funções como agente internacional e demonstrou grande preocupação para o futuro recente dos palestinos, uma vez que a ocorrência de ataques diminui a presença internacional na região, fator que ela entende ser uma espécie de proteção para os palestinos contra as violações que Israel impõe.
O professor Sami deu continuidade às exposições iniciais reforçando a situação anteriormente narrada por Sofia e trazendo uma reflexão sobre o que é preciso para que se possa atingir a paz na região. Então, ele fez uma recapitulação das tentativas de negociações que já ocorreram entre as partes e demonstrou que o governo israelense sempre agiu no sentido contrário à resolução diplomática. Pelo contrário, sempre que possível Israel intensificou a repressão aos palestino e, tendo posse de um poder bélico muito maior, atuou no sentido de produzir um genocídio.
No momento atual, Sami entende que Israel caminha para se tornar um estado fundamentalista religioso imperialista e teme que tentativas de expansão do território israelense gerem guerras na região. Ele finaliza afirmando que não há possibilidade de paz enquanto o grupo político de extrema-direita que governa Israel seguir no poder e vê que uma possível saída seria o fim do protecionismo dos Estados Unidos em relação a israel no conselho de segurança da ONU.
“A Palestina depende de uma decisão urgente. O que nós estamos assistindo do ponto de vista civilizatório é um ponto de virada para a humanidade. Ou nós conseguimos, efetivamente, encontrar uma solução para os palestinos e a humanidade tenta, dos escombros disso, reconstruir os valores que vem tentando universalizar desde a Segunda Guerra Mundial, ou nós vamos retornar a um estado de barbárie, onde irá prevalecer, em toda e qualquer circunstância, a lei do mais forte”, declarou o professor.
Diego aborda a situação por uma perspectiva que coloca a situação como um reflexo do sistema capitalista no mundo. Ou seja, a natureza exploratória e expansionista do modelo econômico leva povos a subjugar outros e que esse é um ponto central para compreender a relação entre israelenses e palestinos atualmente. Além disso, acrescenta que outra relação entre o capitalismo e a situação atual são os altos rendimentos que a indústria armamentista recebe nesse cenário, e que por isso há um interesse e um investimento para que o massacre siga ocorrendo.
O militante da OCI defende que a solução passa por uma saída formulada pelo viés das decisões dos palestinos. Do ponto de vista marxista, o qual defende, ele coloca como solução um levante proletário palestino, apoiado por proletários do mundo todo, isto é, uma revolução.
“Não vejo nenhuma outra forma, senão o entendimento de que essa união de povos em prol da palestina e de todos os povos que desejam se livrar desse grilhões, por uma revolução para combater o sistema político que se coloca hoje. Não há nenhuma outra forma de se colocar contra isso”, afirma.